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segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Janela da infância, janela das lembranças



  Quando abro minha janela, sempre lembro da minha infância, onde eu podia espiar o movimento da rua, dos vizinhos, dos amigos, dos velhos conhecidos, enfim de quem ia e vinha. Hoje, na cidade grande, quando o tempo corrido permite é monótono olhar a janela do apartamento, e observar o vai e vem de quem eu não conheço, ou mesmo de quem mora no mesmo prédio na qual nunca fora desenvolvida uma conversa além do oi e bom dia.
  As lembranças de infância me faz recordar sobre as histórias, que meu pai me contava do que via pela janela quando era criança. Muitas vezes, até acredito que sejam um pouco, digamos, fantasiosas ou exageradas.
  Ele contava que morava na beira da praia com seus pais e seis irmãos. Costumava pescar da janela do seu quarto e que em tempo de maré cheia, os siris se escondiam debaixo da cama, então a mãe dele corria com uma vassoura na mão, para defender sua cria do indefeso animal perdido na maré das águas insulanas. Me lembro dele falar que acordava com um boi na janela, mas eu exclamei: -Pai, boi na praia? Assim surge a dúvida sobre a legitimidade de sua histórias.
  Retornando as janelas, elas revelam mesmo o passar do tempo. Da época que se viam crianças brincando nas ruas, e agora que se vê pessoas apressadas, vizinhos dentro de suas janelas, outras janelas, ou até mesmo janela alguma. Apesar disso ainda acredito existir pessoas do outro lado da janela que devem estar pensando o mesmo que eu: Ah, que saudade da janela da minha infância!


Shirlei Ribeiro

Amando tudo isso!



 Esta semana, ao caminhar entre as vitrines de um shopping carioca, me deparei com uma cena: uma criança acompanhada de sua mãe, que tudo  o que via pela frente, dizia que amava e queria levar. A maioria dos produtos no qual essa criança desejava eram de propagandas de grande alcance no mundo infantil influenciadas por desenhos animados.
  Quando ligamos a TV, entramos em contato com o grande mundo da persuasão, pena que nem sempre nos lembramos disso, e nos deixamos levar por argumentos que convence até esquimó a comprar um ar-condicionado. Imagine quantos comerciais passam pela TV, por dia e o quanto passamos a incluir em nossa lista de desejos coisas e mais coisas, isto é, produtos que não temos necessidade.
  Podemos relacionar esse "amar" exagerado, também, aos gostos musicais. Uma hora gosta-se de um cantor e outrora um novo artista surge fazendo sucesso, logo, esse também passa a ser "amado". Não que seja errado esse gostar (cada um gosta de quem quiser gostar), porém, é necessário ser mais crítico para definir o que realmente tem conteúdo.
  Diante de uma sociedade consumista, precisamos estar em alerta a grande demanda de informações, ser mais seletivos as diversas opções que nos atrai a todo tempo. Com a visão daquela criança no shopping que amava tudo que via pela frente, podemos refletir: se realmente amamos tudo o que amamos?


Shirlei Ribeiro